"O governo do Brasil ainda sustenta que não pode aceitar imigrantes de Guantánamo porque seria ilegal designar como refugiado alguém que não está ainda em solo brasileiro", diz telegrama confidencial de 24 de maio de 2005, assinado pelo então embaixador americano em Brasília, John Danilovich.
Em 30 de outubro de 2009, um telegrama relatou novamente a investida dos EUA.
Ao checar com funcionários do Itamaraty como estava a demanda, a diplomacia norte-americana relatou que "não houve reação positiva do governo brasileiro".
A recusa brasileira relatada pelos norte-americanos contrasta com declarações públicas de integrantes do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Enquanto em privado a administração Lula se recusava a admitir o recebimento dos presos, em público o ministro da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, Paulo Vannuchi, sinalizava em direção oposta.
Em março de 2009, Vannuchi disse ser favorável a receber os presos de Guantánamo "por uma perspectiva de direitos humanos".
A prisão usada pelos EUA em Cuba recebeu centenas de pessoas capturadas pelos norte-americanos depois dos atentados do 11 de Setembro de 2001. Passado algum tempo, verificou-se que alguns dos detidos não eram de fato relacionados aos ataques. Só que devolvê-los aos seus países acabou ficando inviável, pois não havia segurança de que estariam a salvo em suas localidades de origem.
Vários países passaram então a ser contatados pelos EUA para que recebessem esses ex-presos na condição de refugiados. Essa foi a condição na qual o governo brasileiro recebeu os apelos da diplomacia norte-americana.
No telegrama de maio de 2005, os EUA diziam que estavam se dispondo a pagar para que agentes do governo brasileiro viajassem a Cuba e cuidassem dos processos de concessão de refúgio.
Ontem, o presidente Lula disse que os telegramas "desnudam" a tese de que os americanos são superiores a outros países. "Você percebe que fazem as bobagens que todo mundo faz", disse.
Nenhum comentário:
Postar um comentário