Folha.com
HUDSON CORRÊA
DO RIO
SÍLVIA FREIRE
DE SÃO PAULO
A Polícia Federal investiga falsificação de certidões de nascimento, em cartórios do Maranhão, usadas para obter títulos de eleitor em nome de quem não existe.
Segundo estimativa da presidente da Anoreg-MA (associação dos responsáveis por cartórios no Estado), Alice Emiliana Brito, cerca de 300 mil certidões fraudadas serviram, nos últimos anos, para tirar o título e obter aposentadorias da Previdência Social. A PF disse não trabalhar com o número.
Responsável por fiscalizar cartórios, o corregedor do Tribunal de Justiça, Antonio Guerreiro Júnior, disse que pode pedir ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) recadastramento de eleitores no Estado devido às suspeitas.
Guerreiro cita o caso do município de Timbiras onde, segundo ele, a PF encontrou 900 títulos possivelmente obtidos com certidões falsas.
Aguardando perícia para saber a quantidade de títulos fraudados, a PF relata que, em devassa feita em julho no cartório de Timbiras, descobriu 1.434 certidões falsificadas. O número equivale a 7,78% dos 18.438 eleitores.
Nas eleições deste ano, Timbiras registrou abstenção de 35%. Em todo o Maranhão, o índice foi de 23,97% (maior do país) contra 18,12% no Brasil. Em 2006, Maranhão e Timbiras tiveram, respectivamente, índice de 20,84% e 30,40%.
As fraudes nos cartórios ocorrem nos livros de registros, disse o delegado federal Ronaldo Prado. “Um deles tinha data de 1915 e estava escrito com caneta.”
Prado afirmou que “com registro de nascimento falso, [fraudadores] conseguem tirar título de eleitor, carteira de trabalho, CPF e RG”.
A delegada Milena Soares, responsável por um dos inquéritos, disse que, antes das eleições, enviou o material “para a Justiça Eleitoral solicitar abertura de inquérito”.
Segundo o TRE, a investigação está sob responsabilidade da corregedoria e da PF.
Não é apenas no interior do Estado que ocorrem as fraudes. No mês passado, a Corregedoria do TJ encaminhou à PF 17 mil certidões de cinco cartórios de São Luís com suspeitas de falsificação.
Em Paço do Lumiar, região metropolitana de São Luís, foram identificados no ano passado, segundo a PF, cerca de 100 eleitores com títulos falsos, o que levou a um recadastramento dos eleitores da cidade.
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